Rio Negro não é Rio Negrinho e nem fica no Amazonas. Confesso
que a decoração de Natal em Rio Negrinho é bem mais bonita e que o rio no
Amazonas é bem maior que em Rio Negro.
Mas é só nessa cidade paranaense que você encontrará pessoas
que lhe darão bom dia, seguido de um sorriso. Sim, existem pessoas que fazem isso
sem pedir sua carteira e seu celular.
Você não precisará perguntar ao Google qual ônibus você deve
pegar para ir até Mafra porque só existe uma linha. Não, isso não é ridículo.
Uma linha de ônibus traz benefícios ao meio ambiente, visto que são menos ônibus
para vomitarem gás carbônico no ar.
Mafra? Desculpe. Rio Negro é vizinha de Mafra, que fica em
Santa Catarina. Atravesse uma pequena ponte e você mudará de Estado, sem
precisar pagar pedágio. São poucos os que podem morar no Paraná e estudar em
Santa Catarina, demorando menos de meia hora para chegar ao colégio.
Fique calmo. Não decore os nomes das ruas. Pegue um ponto de
referência e diga, sem medo de errar: “Tô na rua da biblioteca pública, só que
mais pra baixo”, “Moro perto da subida do Caetano”. Todo rio negrense e
mafrense saberá onde você está. Se estiver perdido – o que significa que você
tem problema – peça informação, COM CERTEZA ABSOLUTA, alguém irá te ajudar.
Só em Rio Negro você pode fechar a janela do quarto e ter um
silêncio delicioso. Você não ouvirá barulho de carros, ambulâncias, polícia,
gritos. O máximo que você pode ouvir é o cachorro do vizinho latindo porque viu
um gato ou os quero-queros malditos que despertam às sete da manhã no sábado.
Caso você não saiba, amigo curitibano, quero-quero é um passarinho.
Por ser uma cidade pequena, todo mundo sabe tudo sobre você.
Não veja pelo lado ruim. Caso você precise do número do seu RG e esqueça, algum
rio negrense saberá e lhe dirá. Viu? Anonimato nem sempre é bom.
Não me julgue, curitibano. Continuarei a acenar para você se
estiver do outro lado da rua. Gritarei seu nome no meio da Praça Tiradentes se encontra-lo.
Irei te dar um bom dia com um abraço. Sem dúvida, irei chorar quando o Faxina
passar algum vídeo fofo. Fazemos isso em Rio Negro.
Desculpe curitibano. Irei encará-lo se você tiver o cabelo
verde. Acharei estranho você passar reto pelo seu colega de turma. Julgarei se
você for muito individualista e competitivo. Em Rio Negro não fazemos isso.
Sei o que você está pensando. “Que bicho do mato”. Sou mesmo.
Não gosto de palavrões e não consigo entender como alguém vive sem carne.
Respeito isso. Mas não respeito quem não conversa com os velhinhos nos ônibus
nem sabe o nome do porteiro do seu prédio. Meio absurdo.
Sem ressentimentos, Curitiba. Você é linda. Amo seus prédios
enormes, suas luzes e todas as espécies de pessoas que você agrega. Só me
perdoe por ser tão caipira.