Obs: Qualquer semelhança é mera coincidência. Ou não.
A gente sempre ouve aqueles
comentários e piadinhas dizendo que todo universitário é pobre e coisas do
gênero – especialmente em casos como o meu, por ter optado cursar jornalismo. Bem,
tem tanto estereótipo por aí que eu imaginava que esse pudesse ser apenas mais
um deles. Uma visão errônea e exagerada sobre os pobres universitários.
Mas aí eu entrei na Federal.
O primeiro contato não é tão
brutal. O empobrecimento é um processo lento e certeiro, que vai se apoderando de você
e te colocando em armadilhas monetárias com o decorrer das primeiras semanas. Os
primeiros dias são regados à cerveja, alegria, aquele torpor característico das
épocas de grandes novidades na nossa vida e, claro, a carteira ainda cheia. Nos
primeiros dias você ainda olha para as moedas de cinco e dez centavos no seu
bolso (provavelmente provenientes do troco do ônibus) com certo desprezo, e não
hesita em sacrificá-las no tradicional ritual da “intera pra bera”.
Mas então acontece. Gradualmente.
Fatalmente. A rotina de pegar dois ônibus (ao menos) todo dia, de almoçar no
RU, de ajudar nas mil e uma “interas”, ir aos eventos do CACOS, comprar doce do
Baiano, tirar xerox... Tudo isso começa a se transformar numa terrível equação.
Uma equação que gruda na tua mente e te revisita toda vez que a sua carteira é
aberta. Vejamos, dois ônibus dá R$ 5,70, mais R$ 1,30 do RU, já deu sete reais.
Mas bem, você repete esse processo todo dia. Ok, multipliquemos isso por cinco.
Já temos trinta e cinco pratas gastas somente com transporte e alimentação.
Isso dá cento e quarenta reais por mês. Tudo isso contando apenas o básico,
pois, se adicionar os demais gastos, o número dá uma aumentada considerável.
E assim chega o peso na
consciência. Os convites rejeitados seguidos da justificativa “Eu tô sem grana,
cara”, que transcende a verbalidade e – com o tempo – vira apenas uma troca de
olhares. Agora as moedas miúdas na tua carteira parecem tão valiosas... Cada
uma delas contadinha pra dar o valor exato pra comer no RU, pra comprar a
paçoca campeã de vendas do Mestre Baiano, entre otras cositas más. As decisões
que definem teu futuro chegam nessa época, sem que você nem perceba, em
pensamentos corriqueiros e que podem ser assustadores quando para-se para
analisa-los friamente... “Acho que hoje não vou almoçar pra ajudar na intera
pra cerveja” “Ah, quem precisa desse texto?! Hoje eu vou almoçar” “Almoçar pra
quê?! Eu preciso tirar xerox desse texto” e, quem sabe, uma das mais
verdadeiras: “Quem precisa voltar pra casa?! Eu vou tomar mais uma cerveja”.
O que eu posso dizer... Mais
bonito que sinos de igreja e passarinhos cantando numa manhã ensolarada de
domingo, só mesmo o barulho dessas moedas (de cinco e dez centavos) dançando no
meu bolso.
ISSO É A MAIS PURA REALIDADE HAHAHAHA
ResponderExcluirCinco centavos não são mais desprezados!
Parabéns pelo texto Bruno, gostei muito, beijos.
Exatamente o que eu tenho pensado!
ResponderExcluirAgora eu fico tão feliz quando vejo que tenho moedas de 5 centavos! Haha
TODOS se identificam, certeza!
É fazendo comunicação que se aprende mais economia que em qualquer outro curso, superando até ciências econômicas. :D
ResponderExcluirSuoer me identifiquei! Hahaha já havia feito todas essas contas
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